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Beatriz Oliveira conta sua história de vida no “Queijo com Goiabada” desta terça (08)

Foto: Lourival Ribeiro

O “Queijo com Goiabada” desta terça-feira, 08 de agosto, convida a atriz Beatriz Oliveira, ao lado da tradutora intérprete de Libras, Amanda Alves. A atriz conta sobre sua história de vida, fala sobre a importância da Língua Brasileira de Sinais no sistema de ensino do país, além de comentar sobre sua inspiração para criação da personagem Pórcia e sua relação com o elenco. Amanda também explica como começou sua carreira como tradutora de Libras e o convite para trabalhar na novela “A Infância de Romeu e Julieta”. O episódio vai ao ar às 22h00, no YouTube da TV ZYN, SBT Vídeos e nas plataformas de áudio.


HISTÓRIA DE BEATRIZ OLIVEIRA?

Beatriz é pessoa surda oralizada e percebeu que estava ficando surda com 17 anos quando foi ao cinema com o pai e a madrasta e, do lado da caixa de som, não escutava nada. Ela começou a usar aparelho auditivo em 2018, porque teve uma perda auditiva muito grande, sem o aparelho, ela escuta apenas ruídos graves. A entrevistada diz que se emocionou ao escutar a voz da sua mãe depois do uso do aparelho:

“Quando eu escutei a voz da minha mãe pela primeira vez eu chorei, surreal. Eu nasci uma pessoa ouvinte, mas eu esqueci a voz dela, porque com o tempo eu ia esquecendo como era a voz. Usar o aparelho pela primeira vez também dá um estranhamento, porque você tem vários sintomas, dor de cabeça, tontura, porque é algo novo”, afirma a artista.

Após adquirir o aparelho, Beatriz aprendeu Libras e encontrou pessoas da comunidade surda que viraram grandes amigos dela. Mas como a maioria da população não se comunica na Língua Brasileira de Sinais, a atriz declara que é comum se sentir sozinha. Ela explica que Libras deveria ensinado nas escolas do país:

“A maioria dos meus amigos e familiares são pessoas ouvintes, então, a comunicação com essas pessoas era muito difícil no aparelho auditivo, eu me sentia muito sozinha também, porque eu tenho muitos amigos, amigos ótimos, mas eles não sabem Libras e eu estava começando aprender e não tinha contato nenhum na comunidade”, expressa Beatriz.

“Libras é nossa segunda língua oficial no Brasil e a gente não tem esse aprendizado na escola como ensino obrigatório. Era necessário que a gente tivesse esse ensino desde cedo para que as pessoas compreendessem que tem pessoas surdas e tem outras formas de falar, de se comunicar. Quando a gente não faz isso, a gente exclui as crianças desde cedo e elas crescem com uma percepção totalmente diferente, uma pessoa ouvinte de uma pessoa surda e vice-versa”, finaliza.

SOBRE A PÓRCIA:

Do outro lado, no Monter Mercado, trabalha Pórcia, surda, e de uma beleza estonteante. No seu intervalo, ela, leitora ávida, sempre aproveita para ler algum livro na praça, onde conheceu melhor Bassânio. Os dois viraram bons amigos e de forma descontraída, ela o incentiva a aprender a ler e escrever. O rapaz até se esforça para aprender Libras e entender melhor o que a moça quer se expressar. No fundo, Bassânio gosta de Pórcia, mas não tem coragem de se declarar por se achar feio demais para ela. A moça sofre com o jeito inconsequente e imprudente do pai, Fausto, mas se sente responsável por ele e o ajuda como pode. Vitor entra na jogada para disputar o coração de Pórcia, o que deixa Bassânio com ciúmes.

“Vitor vai dar uma mexida no coração dela. A Pórcia está no mundo só dela, ela se sente sozinha, ele vem de um lugar de um pai muito protetor, ela é excluída socialmente, então, quando ela conhece essas pessoas, ela se sente especial”, revela a convidada.

INSPIRAÇÃO PARA COMPOR A PERSONAGEM:

Os personagens Bassânio e Pórcia fazem parte de “O Mercador de Veneza”, outra obra de William Shakespeare, mas que são introduzidos em “A Infância de Romeu e Julieta”. Os apresentadores perguntam para a convidada qual foi sua inspiração para compor o personagem e se usou referências da Pórcia de Shakespeare.

“Minha primeira inspiração foi a princesa da Disney. Eu amo a princesa Tiana e acho que ela tem muito a ver com a Pórcia, porque ela é trabalhadora. Outras inspirações foram minhas amigas que são mulheres surdas também, e eu quis trazer isso, pessoas reais. Eu li ‘O Mercador de Veneza’, estudei essa personagem e li os livros da Jane Austen, escritora que Pórcia é apaixonada”, alega Oliveira.

QUEM É AMANDA ALVES? : 

Amanda Alves Rodrigues, do Instituto AD Libras em Movimento, é professora e intérprete de Libras. Ela dá workshop e faz acompanhamentos diários com os atores da novela. Amanda começou a estudar Libras quando tinha nove anos de idade na igreja. Ela relata que no início teve pressão da mãe, mas com o tempo começou a se apaixonar.

“Na igreja tinham várias coisas legais como dança e Libras. Eu pensei na dança e eu ia me sentir melhor, mas minha mãe falou que Libras ia ser interessante. Eu fiz Libras, mas eu consegui me apaixonar por aquilo, a gente não tinha dinheiro para pagar o curso, então, eu comecei a treinar em casa. Fui conseguir fazer uma oficina com 18 anos para ver se era isso que eu queria, era e estou aqui até hoje”, comenta Amanda.

“Quando eu fui convidada para estar junto da novela, eu fiquei surpresa, porque é uma responsabilidade. Eu que passo os sinais para os atores e escolho o melhor sinal para representar os surdos. O elenco e a equipe são maravilhosos, eles me acolheram bem, me aceitaram bem e hoje a gente é uma família”, diz a tradutora.

O podcast “Queijo Com Goiabada” vai ao ar toda terça, logo após a exibição da novela, no YouTube da TV ZYN, SBT Vídeos e nas plataformas de áudio.

Um comentário:

  1. Achei muito importante a novela convidar uma pessoa surda, de fato, e não alguém que interprete um surdo. Essa atriz é fantástica, tem expressão facial, carisma e mostra que o surdo é capaz. Também insere a importância de usarmos a LIBRAS . A atriz é linda! Parabéns!

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